Quem corta o Sertão sempre avista redes pelo caminho e cada uma mais bonita que a outra. Teares, qualquer cidade pode ter, mas nenhuma conseguirá ganhar o título de “Cidade das Redes”, pois esse já pertence a São Bento, São Bento das Redes.
Na entrada da cidade avisto um prédio de uns 10 andares, motos de todas as marcas vão pra lá e pra cá e, proporcionalmente, nenhuma cidade tem tantos carros a diesel como São Bento tem.
Rica, com quase nenhum desempregado, todo mundo lá vive das redes, de uma maneira ou de outra. É uma cadeia a alimentar o fluxo de caixa.
Mas, que contradição, logo na entrada da cidade um hospital está em obras, inconcluso a doze anos e esgotos cortam nosso caminho, revelando que ali o poder público não tem feito a sua parte.
O prefeito é Gemilton, sobrinho do ex, Galego, que ficou oito anos e, se Gemilton se reeleger, esse negócio familiar chegará a duas décadas de monopólio, pois reelegendo o sobrinho depois dele vai querer botar outro parente e assim os laranjas vão monopolizando.
Pergunto: o povo da cidade tá gostando do hospital fechado e falta de saneamento? Pelo visto anda vendendo o voto e essa coisa de uma gente tão bem resolvida como a de São Bento ainda ficar vendendo o voto, ao invés de votar consciente, revela que o investimento em Educação também é baixo.
Procuro saber quem será o candidato da oposição e me dizem que duas forças se juntaram, após 40 anos, os Roberto e os Lúcio, e decidiram lançar um jovem médico, Jarques Lúcio, 32 anos e grande disposição para fazer a diferença.
Em conversa com amigos no restaurante Cangaço fico sabendo que tudo leva a crer que o povo de São Bento resolveu levantar da rede e sacudir o cenário com renovação.
Concorrência é tudo e se Gemilton é uma cama estática e mais do mesmo de sempre, Jarques aparece como uma rede que se balança em todas as direções, cabalando simpatias nos quatro cantos.