Nasci em Cacimba de Dentro, mas sai daquele pé de serra às margens do Rio Curimataú ainda pequenino, meses de idade.
Meus pais se conheceram devido ao fato de meu avô paterno, José Aprígio de Lima, que era maestro e fundador da banda da Polícia Militar, ter se convertido ao evangelho e virado pastor da Assembléia de Deus.
Designado para Cacimba de Dentro pelo saudoso pastor Antônio dos Santos, um lugar há quase um dia de viagem da Capital, se o rio não estivesse cheio, trouxe meu pai, José Clilson de Lima, para conhecer minha mãe, Edileuza Alcântara de Lima.
A família de minha mãe tinha fama de valente e o meu pai tinha dado baixa recente da Marinha. Bonitão e nada evangélico, apesar de filho do pastor, passou manteiga em venta de gato e conquistou minha mãe.
A partir daí gostei da ideia de querer chegar ao mundo. Cresci vendo meu pai consertando rádio e tv e logo desejei ser o cara que falava e aparecia por lá. Depois, lendo muitos livros, quis ser o cara que escrevia o que todos falavam.
Meu pai tinha uma Lambreta e Élvis uma Vespa e eu achava que os dois eram a mesma pessoa. Meus heróis.
No anel do brejo eu conhecia tudo andando ali na frente, entre meu pai e o guidom, brisa no rosto, uma vida pela frente.
Meu avô Tata, o que era maestro e virou pastor, sempre me dava umas amarelinhas, notinhas de 1 Cruzeiro, acho eu. Vivia com um diapazão criando melodias.
Padrinho, meu avô materno que se chamava Euclides Eugênio de Alcântara, me levava para o sítio e fabricava queijo de coalho de um sabor que até hoje não encontrei por aí.
Minhas avós eram Linda, por parte de pai, e Mãe Ana, por parte de mãe. A primeira mais reservada e a segunda muito bacana.
Tinha minhas primas Silvana e Vânia, irmãs que substituíram a minha que morreu de desidratação. Brincávamos de bola de gude e amarelinha e nossas férias eram sempre muito esperadas e inesquecíveis.
Disse tudo isso de minha infância para explicar porque amo essa música a seguir, choro e me converto a Deus toda vez que escuto.
Me criei dentro de duas igrejas evangélicas. A de Tambaú, onde meu avô foi pastor e morava na Franca Filho, e a de Cacimba de Dentro, onde mina avó era praticamente vizinha.
E nas duas sempre parava e refletia quando o serviço de alto falantes tocava “Segura na mão de Deus” e eu com uma fé a la do meu jeito imaginariamente segurava a mão de Deus pedindo saúde e vida longa para o meu pai, que desde muito novo foi acometido por um tal de AVC e tinha dificuldades para cuidar de nós, apesar de tentar e ser o melhor pai do mundo.
Deu certo, pois meu pai teve mais de 30 avcs, um record, e só veio a falecer já com quase 70 anos.