Culpar Cláudio Lima pelo descontrole da violência na Paraíba equivale a culpar o dono do boteco pelo alcoolismo do marido e fazer um abaixo assinado para fechar o recinto não impedirá que no bar da próxima esquina o alcoólatra volte a beber.
No entanto, o secretário deu sua contribuição e, convenhamos, não logrou êxito. Se chegou aqui recomendado por Eduardo Campos e com cases de sucesso em Pernambuco e no Piauí, não terá, quando sair daqui, uma boa performance para vender por aí.
A culpa pelo insucesso da política de segurança é do governador Ricardo Coutinho por ter incluído os policiais em seu círculo de contendas e por ter subestimado a instalação e crescimento do crime organizado, publicamente conhecido pelas facções Estados Unidos e Al Qaeda.
Chamou a atenção de todos a tragédia ocorrida dentro de uma escola pública de João Pessoa, quando um jovem de 15 anos disparou três tiros numa menina de 14 anos, que veio a óbito e ele teve que se entregar para não morrer.
A facilidade com que ele conseguiu o revolver, a intimidade com que portou foi o que me chamou a atenção e logo fiquei sabendo que a faixa etária do crime tá cada vez menor nos bairros pobres, favelas e cidades circunvizinhas.
Escutei ontem relatos sobre crianças de 13 anos portando armas de grosso calibre em Bayeux e isso me remeteu aos morros do Rio de Janeiro e a propaganda turística que faziam para vender João Pessoa nos anos 90, chegando uma reportagem nacional da TV Tambaú a deixar um carro aberto durante todo o dia e a equipe de jornalismo não ter flagrado ninguém se aventurando a roubá-lo.
Como todo mundo assiste televisão, os bandidos gostaram do que viram e resolveram transferir pra cá alguns braços do crime organizado.
O que faltou foi os governos trabalharem a prevenção, investirem pesado em educação, cursos profissionalizantes e qualificação das policias e otimização dos rendimentos.
Pra completar, temos um governador cabeça dura e que faz da discórdia o ambiente ideal para o debate político.
Mas, violência, drogas e crime organizado trabalham com outros parâmetros e a Paraíba cometeu o mesmo erro do Rio de Janeiro ao calar diante da escalada avassaladora do crime organizado, que chega ao jovem desempregado com “lazer” e renda, em contraponto ao Estado omisso.
A violência cresceu na gestão Ricardo Coutinho por que, entre outras coisas, ele não tem coragem de bater de frente com as facções criminosas por um motivo ou outro e culpar Cláudio Lima pela metástase é querer livrar a cara de quem não ver as drogas como um perigo real e imediato.
Se o governador mudar o seu conceito sobre as drogas e seus efeitos, só aí e com muito atraso focaremos na raiz do problema e o dominó vício/traficante/violência será minimizado.
Mas, talvez seja tarde.